sexta-feira, 22 de abril de 2011

PROJETO SOCIAL INCENTIVA JOVENS CARENTES - Gráfica Horto - MEMORIA GRAFICA


Resgastar a cidadania de adolescentes vulnerabilizados e investir em suas formações pessoais era o objetivo de um grupo de profissionais de Belo Horizonte quando deram início ao projeto “Memória gráfica”.
A iniciativa partiu do artista gráfico Osvaldo Medeiros, que descobriu
máquinas como guilhotinas, impressoras offset e para provas, grampeadeiras e outras, inutilizadas em um depósito do estado. Os equipamentos pertenciam a extinta FEBEM (Fundação do Bem Estar do Menor) e ainda estavam em condições de uso.
Em abril de 1999, Medeiros se uniu a cerca de 25 profissionais da região e foi inaugurada a “Memória gráfica – Typographia escola de gravura”.
A constituição de uma entidade sem fins lucrativos permitiu que eles obtivessem uma concessão do governo para utilização das máquinas. “Os equipamentos ainda pertencem ao estado e estão colocados em um galpão público, do qual também recebemos autorização de uso”, explica a presidente e coordenadora do projeto Maria Dulce Barbosa.
Com o local montado, o grupo procurou a CEDCA (Conselho Estadual de Direito da Criança e do Adolescente), que implantou e restaurou os equipamentos. “A partir de então passamos a atender os adolescentes entre 14 e 21 anos em situação de A entidade recebe, hoje, cerca de 40 jovens, divididos em três turmas, que freqüentam o local de segunda a sexta-feira. Eles são beneficiados com uma bolsa de R$ 80, concedida pelo Instituto Credicard, e podem participar de todos os projetos e oficinas criados pela entidade. De acordo
com Maria Dulce, em mais de cinco anos de trabalho, a associação já contribuiu para a formação de cerca de 500 adolescentes.
Os projetos
Um dos projetos desenvolvidos pela associação é a oficina de “Formação
artística e gráfica” que engloba as oficinas de gravura, impressão gráfica, encadernação e papelaria. Dentro desse projeto, os alunos têm aulas sobre tipologia, planejamento gráfico e sistemas de impressão e aprendem as técnicas de gravura em preto e branco, de recorte, colorida, por eliminação, pouchoir e monotipia. As gravuras desenvolvidas são do tipo xilogravura, linóleo gravura e isogravura. Já a oficina de impressão
gráfica trabalha as formas de impressão por meio da união da tipografia, do offset e das técnicas de hot-stamping. Impressos como livros, jornais e semanários são confeccionados nessa oficina.
Técnicas de encadernação como costura manual, por caderno e simples, espiral, peças gráficas coladas, grampeadas e picotadas, douração e marmorização também são ensinadas.


Já na oficina de papelaria os jovens produzem cartões, pastas, papéis de carta, envelopes e similares. O projeto é patrocinado pela Usiminas, por intermédio da lei estadual de incentivo à cultura de Minas Gerais.
Outra ação, denominada “De Gutenberg a Bill Gates” complementa
o processo de formação dos jovens, por meio da oficina de informática e editoração eletrônica, já que visa a inclusão digital dos mesmos. As aulas oferecem aos participantes a oportunidade de trabalhar
com planejamento gráfico e de criar imagens digitais passando para a diagramação e a editoração de livros. Esse projeto foi premiado nos concursos nacionais “Cidadão 21 – Arte”, promovido pelo Instituto
Ayrton Senna e Embratel, em 2002 e “Transformando com arte”, realizado pelo BNDES no ano passado. As conquistas tornaram o “Memória gráfica” parceiro dessas instituições, o que viabilizou a continuidade do projeto.
A associação desenvolve ainda uma oficina itinerante de gravura e desenho. A “Gravura na praça” é realizada em praças públicas de municípios
mineiros como parte do Circuito Telemig de Celular de Cultura, também promovido por meio da lei de incentivo a cultura do estado. De acordo com os organizadores, com este projeto, os adolescentes atendidos pelo “Formação artística” têm grande oportunidade de colocar seu aprendizado
em prática já que passam à condição de monitores, integrando a equipe que oferecerá a oficina à população da cidade visitada.
Com o projeto “Edição de obras primorosas”, a instituição, com o apoio da Usiminas, editou três livros de caráter artístico e cultural. O “Roteiro estético das minas enganosas” contém textos e críticas sobre a obra de inúmeros artistas mineiros, desde Aleijadinho passando por Guignard até personalidades atuais, escritos ao longo de 30 anos pelo professor Moacyr Laterza. O segundo livro chama-se “Mãe África” e consiste em um ensaio de Fidêncio Maciel de Freitas sobre os costumes africanos buscando as congruências e semelhanças com as culturas brasileira, americana e européia. O último, “Organizações poéticas”, traz textos e poemas épicos de Lêda Souza Dutra.
Já o projeto “Cordel de rua” edita literaturas de cordel a partir de histórias contadas pelos adolescentes atendidos nas oficinas de “Formação
artística e gráfica”. A ação é patrocinada pelo IMS (Instituto Marista de Solidariedade).
O mais recente é o projeto entitulado “Clube da gravura”, por meio do qual cada participante recebe duas imagens de gravuras a cada três meses, sendo uma produzida por um artista renomado e a outra por um dos jovens gravadores. Os interessados em participar devem se associar a entidade, pagando uma mensalidade de R$ 50.


Além das oficinas, a associação promove treinamentos e seminários sobre assuntos relacionados a área gráfica e desenvolve, com os jovens, um trabalho de orientação sobre direitos civis e sociais, inclusive encaminhado-
os para o mercado de trabalho com o objetivo de gerarem renda. A entidade ainda desenvolve estudos e pesquisas na área, presta assessoria a projetos relacionados às artes gráficas e apóia entidades e ações que tenham objetivos semelhantes.
Produção local
Todo o material gráfico é produzido através de um processo artesanal, a partir de recursos tipográficos, como clichês, tipos móveis e xilogravura.
A encadernação é manual e os impressos são produzidos em máquinas offset, com aplicação de hot-stamping. O conteúdo desse material busca recuperar a história das artes gráficas e o acabamento também é feito pelos adolescentes atendidos pelo projeto.
Os produtos, resultado do trabalho dos jovens, é vendido ou apresentado nos eventos que o “Memória gráfica” participa. “A verba arrecadada é revertida para a associação mas nosso principal objetivo com a exposição não é a venda e sim o estímulo a arte”, acrescenta Maria Dulce. Entre os produtos estão livros, álbuns de gravura, literaturas
de cordel, cartões postais e de natal ilustrados e outros.
Nesse sentido, a entidade participou, em 2002 e 2003 de uma exposição
interativa, em comemoração ao centenário de Carlos Drummond de Andrade. No evento, foram apresentados os materiais tipográficos e os trabalhos produzidos na oficina de gravura. Além disso, esteve presente em duas edições da Festa Gentileza, promovida pela Telemig, onde ofereceu aos presentes a oficina de gravura.
O “Memória gráfica” funciona na Rua Conselheiro Rocha, 3.800, na cidade de Belo Horizonte - MG

Memória gráfica
www.memoriagrafica.org.br
Tel.: (31) 3481-3718

2 comentários:

  1. Memória Gráfica é o nome dado ao programa sem fins lucrativos, localiza-se no bairro Horto, que trabalha com os jovens de 14 a 21 anos em situação de vulnerabilidade ou situação de conflito com a policia. Trabalham com os equipamentos e galpão cedido pela Prefeitura/Governo. Os jovens assitidos quem faz as obras gráficas no galpão,ganham uma bolsa de R$80reais (em relação a bolsa é pouco).

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  2. Mas qual a relação da postagem com sua proposta de TFG? Como utilizar tal gestão à viabilidade de seu projeto?

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